Viana Visão
Essa crônica é a realidade mais concreta da minha vida aos setenta e dois anos. Eu estava sentado em frente ao meu jardim, quando li esta riqueza literária. Há um silêncio que chega com os anos, e ele não é feito apenas da ausência de ruídos, mas da transição suave entre o que éramos e o que nos tornamos. Aos 60, você começa a sentir a sutileza do distanciamento. A sala que antes pulsava com suas ideias agora parece cheia de vozes que não pedem mais sua opinião. Não é uma rejeição, é o ritmo da vida. É quando aprendemos que nossa contribuição não está no presente imediato, mas nos rastros que deixamos nos corações e mentes ao longo do caminho. Aos 65, você percebe que o mundo corporativo, outrora tão vital, é um fluxo incessante. Ele segue indiferente ao que você fez ou deixou de fazer. Não é uma derrota, é a libertação. Esse é o momento de olhar para si mesmo, despir-se do ego e vestir a serenidade. Não se trata mais de provar, mas de ensinar, de compartilhar, de ser mentor. A verdadeira realização não é a que se exibe, mas a que inspira. Aos 70, a sociedade parece lhe esquecer, mas será mesmo. Talvez seja apenas um convite para reavaliar o que realmente importa! Autor da crônica: José Luiz Ricchetti
Reflexões
Os jovens não o
reconhecerão pelo que você foi, e isso é uma bênção disfarçada: você pode agora
ser apenas quem você é. Sem máscaras, sem títulos, apenas a essência. Os velhos
amigos, aqueles que não perguntam “quem você era”, mas “como você está”,
tornam-se joias preciosas, diamantes que brilham no crepúsculo da vida. E
então, aos 80 ou 90, é a família que, na sua correria, se afasta um pouco mais.
Mas é aí que a sabedoria nos abraça com força. Entendemos que amor não é posse;
é liberdade. Seus filhos, seus netos, seguem suas vidas, como você seguiu a
sua. A distância física não diminui o afeto, mas ensina que o amor verdadeiro é
generoso, não exigente. Quando a Terra finalmente chamar por você, não há
motivo para medo. É a última dança de um ciclo natural, o encerramento de um
capítulo escrito com suor, lágrimas, risos e memórias. Mas o que fica o que
realmente nunca será eliminado são as marcas que deixamos nas almas que
tocamos. Portanto, enquanto há fôlego, energia, enquanto o coração bate firme,
viva intensamente. Abrace os encontros, ria alto, desfrute os prazeres simples
e complexos da vida. Cultive suas amizades como quem cuida de um jardim.
Porque, no final, o que resta não são as conquistas, nem os títulos, nem os
aplausos. O que resta são os laços, os momentos partilhados, a luz que
espalhamos. Seja luz, seja presença, e você será eterno. Dedico a todos que
entendem que o tempo não apaga, mas apenas transforma! Autor da crônica: José Luiz Ricchetti