Viana Visão
Essa crônica é a realidade mais concreta da minha vida aos 72 anos. Eu estava sentado em frente ao meu jardim, quando li esta riqueza literária. “Há um silêncio que chega com os anos, e ele não é feito apenas da ausência de ruídos, mas da transição suave entre o que éramos e o que nos tornamos”. Aos 60, você começa a sentir a sutileza do distanciamento.
A sala que antes pulsava com suas ideias agora parece cheia de vozes que não pedem mais sua opinião. Não é uma rejeição, é o ritmo da vida. É quando aprendemos que nossa contribuição não está no presente imediato, mas nos rastros que deixamos nos corações e mentes ao longo do caminho.
Aos 65, você percebe que o mundo corporativo, outrora tão vital, é um fluxo incessante. Ele segue indiferente ao que você fez ou deixou de fazer. Não é uma derrota, é a libertação. Esse é o momento de olhar para si mesmo, despir-se do ego e vestir a serenidade.
Não se trata mais de provar, mas de
ensinar, de compartilhar, de ser mentor. A verdadeira realização não é a que se
exibe, mas a que inspira. Aos 70, a sociedade parece lhe esquecer, mas será
mesmo. Talvez seja apenas um convite para reavaliar o que realmente importa!
Reflexões
Os jovens não o reconhecerão pelo que você foi, e isso é uma bênção disfarçada: você pode agora ser apenas quem você é. Sem máscaras, sem títulos, apenas a essência. Os velhos amigos, aqueles que não perguntam “quem você era”, mas “como você está”, tornam-se joias preciosas, diamantes que brilham no crepúsculo da vida.
E então, aos 80 ou 90, é a família que, na sua correria, se afasta um pouco mais. Mas é aí que a sabedoria nos abraça com força. Entendemos que amor não é posse; é liberdade. Seus filhos, seus netos, seguem suas vidas, como você seguiu a sua. A distância física não diminui o afeto, mas ensina que o amor verdadeiro é generoso, não exigente.
Quando a Terra finalmente chamar por você, não há motivo para medo. É a última dança de um ciclo natural, o encerramento de um capítulo escrito com suor, lágrimas, risos e memórias. Mas o que fica o que realmente nunca será eliminado são as marcas que deixamos nas almas que tocamos. Portanto, enquanto há fôlego, energia, enquanto o coração bate firme, vivo intensamente.
Abrace os encontros, ria alto, desfrute os prazeres simples e
complexos da vida. Cultive suas amizades como quem cuida de um jardim. Porque,
no final, o que resta não são as conquistas, nem os títulos, nem os aplausos. O
que resta são os laços, os momentos partilhados, a luz que espalhamos. Seja luz,
seja presença, e você será eterno. Dedico a todos que entendem que o tempo não
apaga, mas apenas transforma! Autor da
crônica: José Luiz Ricchetti






